José
Silva: “Quero fazer passar do ZECA AFONSO, a ideia de um homem culto… solidário
e não a de um DISTRAÍDO, como distraídos andam os portugueses”
Canta
Zeca Afonso como poucos. José Silva tem do trovador, do militante e do Homem
solidário, a principal referência da sua vida. Crítico com o sistema e com os
sistemas, que produzem na nossa sociedade um leque de distraídos, o nosso
convidado tem uma maneira muito própria de encarar a cultura, a música, a vida…
a política. É senhor que não tem papas na língua. Sem censuras, e mesmo sem nos
ter encantado com o seu canto durante este nosso encontro, José Silva revela-se
revelando José Afonso. Mas, não só… não só!
Quem
é o José Silva?
“É
uma pergunta muito difícil! Como é que vou responder a isso? O José Silva- este
indivíduo de 65 anos, que viveu as emoções, fez o 25 de abril e teima hoje
viver as emoções do 25 de abril – é uma pessoa que não se sente frustrada, mas
triste pelo rumo que as coisas levaram, pelo afastamento do espírito e das
promessas da Revolução.”
É
natural de onde?
“De
S. Mamede Infesta. Vivo, hoje, no Porto, mais concretamente, em Campanhã”.
Teve
sempre uma intervenção ativa na sociedade?!
“Sim.
Procurei sempre – porque é o meu dever e o dever de toda a gente – intervir na
sociedade. É uma forma de nos mantermos vivos! Fui sempre militante, não
militante partidário – não tenho esse espírito! -, afastei-me sempre dos
partidos, excetuando no período antes do 25 de abril, durante o qual fiz parte
do MDP/CDE. Depois da Revolução jamais fiz parte de um partido, mas tenho uma
intervenção política junto dos partidos de esquerda. Não sou homem de direita.
E, com a minha música, vou intervindo…”
José
Afonso
“O
Zeca Afonso é a referência principal da minha vida”
Ia
chegar mesmo a isso. O José Silva é conhecido como cantor de intervenção,
relevando o nome de José Afonso?!
“O
José Afonso é a referência principal da minha vida, com muita alegria e
orgulho. Penso que toda a gente da minha geração, que esteve desperta para os
valores da solidariedade, teve, e tem ainda, o Zeca Afonso como referência. Ele
foi como que um mestre para a minha geração! É certo que alguns andaram
afastados do Zeca – andaram distraídos! -, e, hoje, isso também acontece.
Devo
muito ao Zeca Afonso. E a minha geração, que hoje vive estes valores humanos;
estes valores de solidariedade; que combate o neoliberalismo; estas políticas
assassinas e desgraçadas… ainda tem por referência, e vive, o espírito do Zeca
Afonso. Eu canto o Zeca Afonso porque acho que ele enriqueceu a minha geração.”
Conheceu,
pessoalmente, o Zeca Afonso?
“Conheci-o
pessoalmente e cheguei a tocar com ele. O Zeca Afonso era um homem muito
acessível. Cantei só uma vez com ele, em Friume, Vila Real. Ele como que mal
sabia tocar e cantar, fazia-me sentir igual a ele! Isso, hoje, até me faz rir.
O Zeca Afonso era um homem extraordinário…
…de
coração aberto.
“Homem
culto, extraordinário. E isso faz-nos falta hoje!”
“O
Zeca Afonso é uma referência incontornável”
Depois
de tantos anos, o Zeca ainda o emociona?
“Emociona
muito!”
E
essa emoção, quando você o canta, é transmitida ao público?
“Sinto
que sim. Sobretudo o público que conheceu o Zeca Afonso e que vive estes
valores da Humanidade e de crescimento da pessoa. Zeca Afonso é uma referência,
absolutamente, incontornável!”
Também
canta, por exemplo, Adriano Correia de Oliveira?
“Também
canto o Adriano, e não só os dois. Estamos a falar deles porque são os maiores.
O Adriano trabalhou muito e tinha uma força extraordinária, mas faltava-lhe a
maturidade do Zeca Afonso. E não é só isso: o Zeca Afonso é quem puxa esta
gente toda! O Zeca Afonso fez escola. O Zeca inicia a trova…
O
Adriano fazia uns bailes, onde tocava numa guitarra elétrica. Era muito novo.
Ele vai para Coimbra com 17 anos, quando o Zeca já tinha 32 ou 31, mas o
Adriano depois de conhecer o Zeca Afonso, não quer outra coisa, e é, a partir
daí, que ele entrega-se à canção de intervenção.”
Teve
conhecimento direto, quanto ao relacionamento musical entre os dois?
“Bem,
eu sou do Porto, andava por aí, e eles estavam em Coimbra. Registe-se o facto
de que o Zeca Afonso nunca esteve numa “República”, porque residia lá, mesmo
quando estudante da Universidade – e casa-se muito novo: com 19 anos –
mas visitava muito a “Bota Abaixo”. E dormia lá muitas vezes. Ele era boémio!
Coitada, da mulher dele…a Amália” (risos).
A
República “Bota Abaixo”, isto em outubro do ano passado, quis lembrar o Zeca e
fui lá cantar. Entretanto, fui convidado para o mês que vem (leia-se Outubro)
para ir cantar à “Rás-Te-Parta”, que é uma outra República, onde, aí sim,
esteve o Adriano Correia de Oliveira.”
“O
PS desvirtuou o espírito do 25 de abril”
Esteve,
alguma vez, em contacto presencial com o Manuel Alegre, um poeta de referência
nessa altura, aliás, como também o é atualmente?
“Não.
O Manuel Alegre, nessa altura, estava exilado. Mas, depois conheci-o como toda
a gente o conhece. Aliás, na última campanha dele para a Presidência da
República vieram-me convidar para cantar e eu não fui, porque achei que o
Manuel Alegre desviou-se do caminho. Por isso achei que não devia ir fazer
campanha por ele.
Se
calhar não fui muito simpático para com a gente amiga que me convidou, mas
ainda hoje não canto para o Partido Socialista, porque acho que o PS desvirtuou
a grande promessa, a grande esperança… o grande espírito do 25 de abril. Os
socialistas, de certeza, que não estão de acordo comigo, mas, se tivéssemos
seguido esse espírito, o povo não se estava atirar das janelas para fugir à
fome. A Revolução acabou e o povo, em termos materiais, poderia estar muito
melhor do que está, se os partidos que compõem o centro fossem formados por
gente honesta e se seguissem o ideal do 25 de abril. Assim sendo, não apoiei a
campanha do Manuel Alegre!”
Qual
é, na realidade, a sua profissão?
>“Estou
aposentado. Antes, fui um pequeno industrial da construção civil. Hoje, a minha
profissão é a de tentar que as pessoas tenham mais cultura. Se nós fossemos
mais conscientes; se tivéssemos mais cultura, não havia tanto aldrabão na
política a roubar-nos a esperança… a roubar-nos o futuro. O Zeca diz que “com
papas e bolos se engana o povo” e parece-me que é isso o que, atualmente, está
a acontecer. Mas, engana-se o povo, porque o povo enfim…
…é
“banana”?
“Não
sei se é banana. Não diria que seja assim. Simplesmente, é conduzido. Toda esta
intoxicação nas televisões, nas novelas, e nisso tudo, tem distraído o povo.
Neste país não se lê um livro, e, portanto, fica-se a assistir…. a aplaudir, e
pronto!”
“Nada
gravei até hoje!”
>Quando
é que surge a música na sua vida?
“De
muito novo. Surge com o Zeca Afonso… ele foi o meu mestre. Aliás, ainda tenho a
minha primeira viola, que comprei num violeiro, o Domingos Serqueira, na rua de
Costa Cabral, aqui no Porto. Fui lá com os meus 18-19 anos e mandei fazer uma
viola. Não sabia tocar nada, mas comprei-a e fui aprendendo as tocar. Antes do
25 de abril era muito arriscado intervir, mas quando as pessoas pediam-me para
cantar em reuniões políticas, eu, na minha inconsciência, ia todo contente,
ainda mal sabendo tocar ou cantar.”
Era
já o divulgar da música, mas também da letra que a acompanha. Muita gente
esquece-se da letra…
“…a
música, por exemplo, do Zeca Afonso é servida por excelentes poemas, alguns
panfletários – é verdade! -, mas, na altura, isso era preciso. A verdade, neste
caso, é que as pessoas sabem a letra das músicas do Zeca e já são várias as
gerações a cantá-las.”
Nunca
gravou um disco desde que começou a cantar? Isto há quantos anos?
“Há
quarenta e tal. Quando era novo, andavam por aí uns empresários interessados em
mim, pois, ao que parece, sentiam que eu cantava bem. Dois deles insistiram
muito para tornar-me profissional… tratavam de tudo, e não sei que mais! Bastava
eu dizer que “sim”! Mas, eu sabia que, com eles, teria de cumprir um contrato,
e o contrato, nas mãos de um empresário, é só para fazer aquilo que dá dinheiro
e nada mais do que isso. Assim, nunca me quis vincular a eles e nada gravei até
hoje.”
Mas
está afastada, por completo, a ideia de gravar um CD?
“Está!
Já não tenho qualidade para isso! Quem for à Net, ou mais concretamente ao
Youtube, têm lá registos de muitas cantigas em espetáculos que participei. Não
tenho mais nada e não vou gravar! Não o fiz em novo, quando me sentia mais
seguro e muito mais útil – não quero dizer com isso que me sinta inútil, não!…
é de outra maneira! -, e ia fazê-lo agora?! Agora, não!… não gravarei! ”
“O
Porto está péssimo em termos culturais…”
Cidadão
do Porto, porque nele vive, como é que está, em seu entender, esta nossa
cidade?
“Em
termos culturais está péssima! E não sei se em outros termos o Porto está bom.
É claro que a nossa vida de hoje, não é a vida do antes do 25 de abril… também
mau era. Mas, o Rui Rio representou, e ainda representa, as forças que
desvirtuaram o 25 de abril: tudo é negócio; tudo tem que valer dinheiro, e a
cultura também. Que forças culturais temos cá?
Temos
uma Casa da Música…
“…que
se paga bem pago para se ir lá! Olhe para o caso do Rivoli. Você ainda é muito
novo, mas quando era rapaz, ia lá, aos domingos de manhã, ouvir os grandes
concertos, de borla… era uma delícia! Hoje tudo isso acabou. Para se assistir a
um concerto tem que se pagar. Rui Rio, em termos culturais, esteve mal! Ele pôs
os automóveis na Boavista que, para a gente que lá vive, deve ter sido uma
chatice. Não sei se aquilo deu lucro?! Mas, a vida não é só dinheiro!”
Sei
que tem colaborado com muitas coletividades…
“…
toda a minha vida e ainda hoje. Estou sempre ao dispor das coletividades,
porque me parece que é um espaço de encontro extraordinário. É preciso fazer as
pessoas sair de casa, porque, em casa, elas só têm a televisão e é só através
da televisão que se faz toda esta intoxicação…
…
têm a NET?!
“É
a mesma coisa! A vida saudável passa por sair de casa; passa pelo convívio;
passa por estarmos uns com os outros! É assim que vamos crescendo humanamente.
Por isso, estou sempre ao dispor das coletividades.”
“Há
muita gente que se julga poeta, e está tão convencida que pensa ter chegado ao
nível de um Camões”
Também
colabora com um grupo de poetas?!
“Com
vários grupos. Felizmente, o Porto, fora do sistema, tem muita gente que gosta
de poesia e que recebe poetas. Como nesses encontros de poesia eles precisam
intervalar a poesia com a música e o canto, vou lá! Por isso, é que eu e mais
duas ou três pessoas, estamos sempre metidos nisso. Tenho também, há muitos
anos, uma iniciativa para a divulgação dos nossos escritores portuenses, isto
na UNICEP, que, a cada quarta-feira de cada mês, lá se reúnem. O próximo
encontro será realizado, dia 23 de outubro, pelas 21h30, com a presença de
Carolina Michaëlis de Vasconcelos, na companhia da cantora Ana Ribeiro.”
Tem
poemas?
“Não.
Não sou poeta!”
Mas,
gosta de poesia?
“Gosto
muito de boa poesia. Nesta questão faço uma boa distinção: acho que há muita
gente que se julga poeta, e está convencida que pensa ter chegado ao nível de
um Camões, ou coisa assim! E julgando-se a esse nível, só falam deles próprios.
Não sei como é que se pode dar a volta a isto, porque isto acontece há muito
tempo. Acho bem que as pessoas escrevam poesia, só que há muito narcisismo! É
uma coisa horrível! Ainda assim temos poetas excecionais. Falei em Camões, mas
poderia falar em Antero Quental… ninguém o conhece! Eles só leem aquilo que é
deles.”
“A
vida é muito bonita se for levada com consciência e inteligência.”
Como
é que uma pessoa que teve tanta vida ativa antes do 25 de abril, reage à atual
sociedade? Como aguarda o futuro?
“Não
penso muito nisso. Continuo o percurso que fiz até aqui, até porque, suponho
que não saberia viver de outra maneira. Este é o viver da margem, é o não me
deixar apanhar pelo sistema. Não sei se sou contra a corrente? Estarei na
margem, não participando com os sistemas. E há muitas maneiras de não
participar com os sistemas: eu evito, por exemplo, ir aos espetáculos dos
sistemas, como os o do Filipe La Féria, ou dos do Tony Carreira… toda essa
gente é criada. Nós temos de ter criação fora do sistema, o teatro , o livro, a
música…
…
mas não tem de haver essa música pimba? Não pode haver essa alternativa?
“Não
sei o que é que a gente aprende com isso? Isso é o divertimento, é o
divertimento das pessoas distraídas. A vida não é sacrifício! A vida é muito
bonita se for levada com consciência e inteligência.”
Portanto,
não quis ser profissional para não entrar no sistema?!
“Para
não entrar no sistema; para ser livre; para poder ir cantar só onde eu quero;
para poder estar só com as pessoas que eu quero… com as pessoas que precisam de
mim. Eu não vou entreter as pessoas. O profissional está limitado ao
empresário, e este procura o lucro. Quando o cantor cai no goto das pessoas,
eles investem nele. Falo de cantores que nunca fizeram uma música e que, às
vezes, nem cantar nem tocar sabem.”
“A
voz do Zeca Afonso era extraordinária!”
O
Zeca Afonso não sabia ler música.
“Pois
não. Mas isso é um dos fenómenos do ser humano.”
Havia
um professor, ou amigo estudante, em Coimbra, que lhe escrevia as músicas?!
“Bem,
as músicas apareciam-lhe, e, naquela altura, nem sequer havia gravadores. Até
se contam histórias extraordinárias acerca do Zeca Afonso. Ele, durante o dia,
lembrava-se das melodias e, à noite, para delas não se esquecer, punha a filha
e a mulher a cantarola-las! Agora, o grande colaborador do Zeca Afonso e também
do Adriano, em Coimbra, era o Rui Pato, um jovem que hoje é médico, e era um
virtual da viola. Era um homem que gostava muito de tocar viola e, ainda por
cima, umas coisas novas. Ora, como não havia gravadores, o Zeca andava a
assobiar constantemente – e disso há testemunhos de alunos – para fixar a
melodia. E, muitas das vezes, nem tinha dinheiro, mas ia a Coimbra ter com o
Rui Pato, para ver se ele punha a melodia na viola.
Depois,
quando apareceram os gravadores, ele já conseguia resolver as coisas. A verdade,
é que as melodias surgiam-lhe. Depois, é bom realçar, que são também músicas
muto simples. Ele não sabia música, dizem até que ele de tocar viola sabia
pouco – pelo menos não sabia sequer afina-la -, mas sabia, isso sim, o
suficiente para por na viola as melodias que lhe surgiam.”
E
depois a “voz” dele…
“…
era uma coisa trágica… uma coisa extraordinária, que fez dele o cantor que foi,
e que é, de referência para muitas gerações. Pena é que não seja de mais
gente.”
“O
Zeca Afonso não queria fazer os espetáculos (homenagem) nos Coliseus”
Está
ligado à Associação José Afonso (AJA)?
“Sou
fundador da AJA-Norte. Hoje, não estou lá devido à minha vida. A AJA-Norte está
a fazer coisas extraordinárias e, sempre que sou preciso, vou cantar com eles,
mas não estou lá integrado.”
O
Zeca Afonso deveria ter mais uma grande homenagem nacional, ainda que já a
tivesse, em vida, no Coliseu de Lisboa?
“O
espetáculo do Coliseu, que foi nos Coliseus, o Zeca Afonso não os queria fazer.
Ele fez os espetáculos por necessidade. A Zélia – sua mulher e que, felizmente,
ainda é viva -, quando o Zeca estava a começar a ficar, como acabou por ficar,
paralisado, vivia num andar, precisando, assim, de uma casa que não tivesse
escadas, de maneira a, com uma cadeirinha, mete-lo no carro e leva-lo a
passear. Mas eles não tinham dinheiro! Não tinham dinheiro para nada! Assim
decidiram-se por fazer aqueles espetáculos, digamos que de beneficência. Não
vou dizer que foi pena – não senhor! -, porque aqueles espetáculos foram uma
referência. Mas, esses espetáculos não traduziram a imagem de vida do Zeca
Afonso. Essa não era a vida do Zeca Afonso. O Zeca Afonso ia cantar de borla a
associações sem qualquer tipo de condições. Ia para as vilas, para as aldeias…
foi isso a sua vida!
Na
altura, as pessoas apareceram nos Coliseus porque foi o sistema que fez aquilo.
Aquele é que é um espetáculo já integrado no sistema. A publicidade, as
personalidades na primeira fila e tudo mais! Não foi mau! Pronto! Ele precisava
do dinheiro para acabar os seus dias. Mas, a vida do Zeca Afonso foi outra, foi
uma vida militante!”
E
nessas terras, as tais aldeias e vilas, para onde ele ia, nem sempre era bem
recebido. Sabe-se que em Grândola – ironia do destino-, foi, inclusive…
cuspido.
“Mas,
não foi só isso. Ele fui insultado em alguns sítios. O Adriano Correia de
Oliveira, por exemplo, chegou mesmo a andar à porrada!”
O
Zeca Afonso era, sem dúvida, um homem de luta. Você consegue transmitir essa
“imagem”?
“Não
sei se consigo! Tento! É preciso ter as condições necessárias para cantar. Mas,
acima de tudo, a ideia que eu quero fazer passar do Zeca Afonso é a de um homem
culto, militante, solidário e não a de um distraído como distraídos andam os
portugueses. As canções que ele nos deu são lições! Montes delas com uma
atualidade extraordinária. Como é que ele conseguiu isso? A culpa não é dele,
de certeza! A culpa é de quem manteve esta situação política, estagnada, parada
e a piorar até aos nossos dias.”
Quando
é que isso muda?
“Quando
o povo tomar consciência da sua dignidade e da sua força, então, teremos um
Portugal novo!”
Texto:
José Gonçalves
Fotos:
António Amen
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