LEMBRAR A POETISA
No dia 12 de Julho pelas
21:30 horas no café central em Castelo de Paiva, foi com grande emoção que
recordei a poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen, nascida no Porto, em 06 de
Julho de 1919, no seio de uma família aristocrática, conforme retratado por
José Silva.
Fascinante a
firmeza, com que Ana Ribeiro fez questão em lembrar com dedicatória as suas cantigas a Sophia e a todas as mulheres.
Ela também uma
maravilha a concluir muito bem, caso a seguir o seu exemplo.
Lembrei momentos de
verdadeiras Mulheres com “M” maiúsculo, Sophia sempre ao lado do marido
jornalista Francisco Sousa Tavares, passou em Lisboa a dividir a sua atividade
entre a poesia e a atividade cívica, notando-se e sobressaído ativista contra o
regime de Salazar.
Conforme bem vincado
por José Sila, Sophia teve uma intervenção política empenhada, opondo-se ao
regime salazarista (foi cofundadora da Comissão Nacional de Socorro aos Presos
Políticos) e também, após o 25 de Abril, como deputada. Presidiu ao Centro
Nacional de Cultura e à Assembleia Geral da Associação Portuguesa de
Escritores.
O ambiente da sua
infância reflete-se em imagens e ambientes presentes na sua obra, sobretudo nos
livros para crianças. Os verões passados na praia da Granja e os jardins da
casa da família ressurgem em evocações do mar ou de espaços de paz e amplitude.
A civilização grega é igualmente uma presença recorrente nos versos de Sophia,
através da sua crença profunda na união entre os deuses e a natureza, tal como
outra dimensão da religiosidade, provinda da tradição bíblica e cristã.
Na cidade do Porto
cresceu e aí viveu até aos dez anos, altura em que se mudou para Lisboa. De
origem dinamarquesa por parte do pai, a sua educação decorreu num ambiente
católico e culturalmente privilegiado que influenciou a sua personalidade.
Frequentou o curso de Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade
de Lisboa, em consonância com o seu fascínio pelo mundo grego (que a levou
igualmente a viajar pela Grécia e por toda a região mediterrânica), não tendo
todavia chegado a concluí-lo.
A sua atividade
literária (e política) pautou-se sempre pelas ideias de justiça, liberdade e
integridade moral. A depuração, o equilíbrio e a limpidez da linguagem poética,
a presença constante da Natureza, a atenção permanente aos problemas e à
tragicidade da vida humana são reflexo de uma formação clássica, com leituras,
por exemplo, de Homero, durante a juventude. Colaborou nas revistas Cadernos de
Poesia (1940), Távola Redonda (1950) e Árvore (1951) e conviveu com nomes da
literatura como Miguel Torga, Ruy Cinatti e Jorge de Sena.
Em 1968, foi
publicada uma Antologia e, entre 1990 e 1992, surgiram três volumes da sua Obra
Poética. Seguiram-se os títulos Musa (1994) e O Búzio de Cós (1997). Colaborou
ainda com Júlio Resende na organização de um livro para a infância e juventude,
intitulado Primeiro Livro de Poesia (1993).
A sua obra
literária encontra-se parcialmente traduzida em França, Itália e nos Estados
Unidos da América. Em 1994 recebeu o Prémio Vida Literária, da Associação
Portuguesa de Escritores e, no ano seguinte, o Prémio Petrarca, da Associação
de Editores Italianos. O seu valor, como poetisa e figura da cultura
portuguesa, foi também reconhecido através da atribuição do Prémio Camões, em
1999.
Em 2001, foi distinguida com o Prémio Max Jacob de Poesia, num ano em que o prémio foi excecionalmente alargado a poetas de língua estrangeira.
Em Agosto do mesmo ano, foi lançada a antologia poética Mar. Em Outubro publicou o livro O Colar. Em Dezembro, saiu a obra poética Orpheu e Eurydice, onde o orphismo está, mais uma vez, presente, bem como o amor entre Orpheu, símbolo dos poetas, e Eurídice, que a autora recupera num sentido diverso do instaurado pela tradição helénica.
Uma grande poetisa, uma grande (M)ulher!
Novelas, 14 de JuLho de 2013;
Em Agosto do mesmo ano, foi lançada a antologia poética Mar. Em Outubro publicou o livro O Colar. Em Dezembro, saiu a obra poética Orpheu e Eurydice, onde o orphismo está, mais uma vez, presente, bem como o amor entre Orpheu, símbolo dos poetas, e Eurídice, que a autora recupera num sentido diverso do instaurado pela tradição helénica.
Sophia de Mello
Breyner Andresen viveu até aos 85 anos, completaram-se 9 anos após a sua morte
no dia 2 de Julho de 2004, tem o seu busto no Jardim de Campo Alegre,
e um monumento erigido no Largo da Graça em Lisboa.
Uma grande poetisa, uma grande (M)ulher!
Novelas, 14 de JuLho de 2013;
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