ENCONTROS DE POESIA E MÚSICA
No
dia 10 de Maio de 2013 o Café Central em Castelo de Paiva, organizou uma vez
mais á semelhança de outros eventos neste dia, um "Encontro de
Poesia e Música".
Como
já habitual foi fascinante conhecer melhor o poeta consagrado António Duarte
Gomes Leal, com a apresentação esplêndida a cargo de José Silva.
Foi
descrito que o poeta Gomes Leal nasceu em Lisboa em 1848, sendo filho ilegítimo
de um funcionário público e viveu com a mãe e a irmã, a sua principal fonte de
inspiração.
No
ano da morte de sua irmã, em 1875, publica Claridades do Sul, a sua primeira
obra poética e mais tarde quando a mãe morre, converte-se ao catolicismo, o que
tem influência na sua obra. Poeta e jornalista, é escrevente de um notário e
publica inúmeros textos panfletários de denúncia político-social.
Gomes
Leal é considerado um precursor do Modernismo Português, tendo sido referido
por Fernando Pessoa como um dos seus mestres. Este dedica-lhe o soneto Gomes Leal,
publicado pela Ática na edição das Obras Completas de Fernando Pessoa, em 1967.
Apesar
de se mover literária e pessoalmente nos círculos próximos da Geração de 70,
não integra o grupo dos “Vencidos da Vida”, referindo, porém, o apreço que Eça
de Queirós e Antero de Quental lhe dedicam, num comentário feito pelo próprio
Gomes Leal na obra “A Morte do Rei Humberto” (1900), citado por Gomes Monteiro,
em O Drama de Gomes Leal. Com inéditos do Poeta, Gomes Leal tem aliás o cuidado
de se distanciar das correntes estéticas da altura, fazendo-o nomeadamente na
Nota a Claridades do Sul, acrescentada e publicada na segunda edição, em
1901.
Na Nota a “A Morte do Rei Humberto”, Gomes Leal afirma ter publicado antes de
Fradique Mendes na Revolução de Setembro e assevera ter sido contactado por
Antero de Quental para assinar textos daquele pseudónimo, o que recusou. Na
referida Nota, menciona que Cesário Verde tece encómios à poesia de Claridades
do Sul. Gomes Leal estreou-se aos dezoito anos, em 1866, publicando a poesia
“Aquela Morta”, na Gazeta de Portugal. Em 1869, publica o folhetim
"Trevas" na Revolução de Setembro. O cariz interventivo da sua obra é
marcado não só pelos folhetins publicados nos jornais, mas também pela fundação
do jornal satírico.
Gomes Leal, o poeta ilustre, que é uma glória nacional, quis dar ao A B C uma
impressão da sua vida, da sua acção, das suas lutas.
Em vez duma entrevista foram aos seus versos lapidares que chegaram a explicar
como se passou uma infância, uma velhice e como a velhice chegou com as suas
dores a focar essa cabeça coroada de louros. Só Gomes Leal poderia definir o
que A B C desejava saber: a vida do primeiro poeta português.
A
sua poesia oscila entre os três grandes paradigmas literários do final do
século XIX: romantismo, parnasianismo e simbolismo. De 1899 a 1910, compõe e
publica quase diariamente. Termina os seus dias na miséria, primeiramente
vivendo da caridade alheia, na rua, e depois sustentando-se com uma pensão
anual do Estado português que lhe foi conseguida por um grupo de amigos, dos
quais se destaca Teixeira de Pascoaes. Morre em 1921.
Estas noites de poesia, ajudam a conhecer melhor os poetas consagrados
e por vezes esquecidos, nas maravilhosas leituras e interpretações que
quase sempre excedem as expectativas. Fascinante este Sonhador.
A
abrilhantar esta agradável apresentação, foi possível ouvir belíssimas cantigas na voz de João Teixeira que muito bem dignificou
o poeta.
Parabéns a todos quanto se envolveram para dar a entender figuras carismáticas que
se encontram esquecidas como o poeta Gomes Leal e que muito me honra contribuir
para dar a conhecer melhor.